08/06/2010

no silêncio

-Não achas que está na altura de fazermos as pazes?
-... (silêncio).
-Estou zangada contigo há demasiado tempo. Cansada de estar zangada. Não me adianta de muito, pois não?
-... (muito silêncio, na penumbra do som).
-Vou tentar não te culpar por mais nada. A culpa é coisa nossa, não é?
-... (breve tartamudear da brisa).
-Dá-me, ao menos, alento. Não consigo encontrar-me em mim. Deixa-me repousar o cansaço no teu colo. Serena-me... lentamente...
-... (a superfície do deserto que serpenteia ao de leve).
-Junta-te a mim. Vem. Tenho fome de espírito. Limpa-me as lágrimas que não caem... não consigo chorar.
-... (breve arrulhar das folhas perenes).
-Dói-me. Ali... no princípio. Fica comigo mais um pouco...
-... (o silêncio cantado é o mais belo dos silêncios).
(conversa com Deus)

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