20/04/2011

pessoas

a noite abraça a cidade,
mas deixa ao relento
os corações sangrentos,
desdobram-se mantas,
caixas de papelão,
no resguardo da solidão.
não procuram nada
na miséria humana
que os comeu e mastigou.
aninhados no limiar
da loucura e ditadura
da nossa indeferença,
não gritam nem choram.
já desistiram há muito
de fingir que cá estão.
estou cheia de vergonha
de não fazer nada
de ficar calada...

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