06/03/2014

percursos



A maior viagem que podemos fazer na vida é aquela que se faz dentro de nós próprios, ao longo do tempo. É a viagem em que percorremos todas as tonalidades do nosso caráter, as escuras, as cinzentas e as mais claras; em que conhecemos o pior e o melhor de nós; em que pomos o acento tónico fora de nós e ou dentro de nós; em que pensamos, sentimos, agimos; em que amamos e odiamos... é uma viagem e peras! Quando nos deixamos ir, o nosso caminho revela-se com nitidez e clama por passos decididos. Quando arrepiamos caminho, há sempre maneira de voltarmos a ele, mais tarde ou mais cedo, quer queiramos, quer não. Todos os dias fazemos opções, escolhemos alternativas dos segundos que podem vir a preencher o nosso futuro, e desenhamos uma estrada que se vai perfilando no tempo e no espaço, que preenchemos como se de um desenho se tratasse. Vamos completando espaços vazios, alterando espaços já preenchidos, fazendo descobertas inenarráveis, e crescemos, e somos já diferentes do que éramos ontem, e preparamo-nos para o amanhã, conscientemente, inconscientemente...
O despertar das consciências, a tranquilidade que nos é oferecida com as coisas mais simples e singelas, um sorriso, um afeto, um afago, um beijo, o retorno à meninice, a procura dos braços que oferecem um refúgio para substituir um amadurecimento demasiado rápido, ocorrido antes do tempo. E percebemos, por vezes, por que razão sentimos coisas, a causa delas, ainda que muitas não tenham qualquer motivação. São assim apenas porque sim! Quando fazemos descobertas, abre-se todo um novo mundo, novos horizontes que se espraiam para lá da dor, da escuridão, do sítio onde nada de bom se sente... Como se a alma encarquilhada se robustecesse e ficasse viçosa, como as flores e plantas cheias de orvalho matinal.
Quando percebemos que estamos no nosso caminho, conscientes dele, o proveito que tiramos de tudo é mais intenso, mais colorido, faz mais sentido.
Não sei por onde me levas, mas sei que quero ir por aí. É mais quente, mais tranquilo, e faz-me sorrir...

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