03/04/2012

indizível

dizer o silêncio
no auge da noite
no nó cego das trevas
na sombra parda,
dizê-lo com medo
de reaver o calor
de um amor fraterno
por um instante,
dizer-te sempre
em rodopio constante
em gritaria estúpida
renasce, renasce,
dizer-te mil vezes
sem qualquer ardil,
dizer-te apenas
por egoísmo,
dizer-te com lágrimas
sem sabor a nada,
dizer-te e dizer-te,
dizer-te só a ti,
dizer-te vezes sem conta,
dizer-te outra vez
como se pela primeira vez...
dizer-te cá dentro
até me doer
o espaço que guardei
para sobreviver.

4 comentários:

Joaquim Marques AC disse...

Ena, que poema denso e intenso!
ao ler sente-se, como se estivesse a ser dito, pela autora, pela primeira vez, antes mesmo de se transformar em poema escrito. sabe? naquele instante em que a ideia surge e ainda não chegou aos dedos, muito menos ao suporte da palavra escrita?! foi aí que o senti.
Abraços, Joana.

Joana Roque Lino disse...

Obrigada, Joaquim, pelas sempre simpáticas palavras. Abraço. Joana

Carlos Ramos disse...

Olá Joana

Tinha-te perdido na imensidão da blogosfera. Em boa hora te reencontrei. Está belissimo o teu blog. Parabens, também te agradeço pela linkagem para o meu. Este poema está particularmente exuberante. É muito fértil a tua poesia. Bj.

Joana Roque Lino disse...

Obrigada, Carlos. Um beijinho.