13/06/2012

Profundamente Eu!

Um girassol gigante disse-me:
-o que procuras?
Não percebi bem a pergunta, mas também não retorqui. Ouvi de novo:
-o que procuras?
Como se a resposta pudesse trazer-me uma mão e um caminho, qualquer que ele fosse!
O caracol que escorregou pelo girassol sorriu-me, dizendo:
-descontrai. tudo se recompõe a seu tempo. vive sem culpa e sem medos. ergue a cabeça. os teus inimigos são os teus melhores amigos. obrigam-te a rever posições, a olhar para dentro, a aprender.
Tudo muito bonito para uma sessão de psicanálise, que não me apetece, sinceramente! Que tudo se recompõe, sim, eu sei. Mas dispenso mais hipocrisia de pessoas que vivem a fingir, porque foi assim que foram ensinadas. Fazem da vida um palco e fingem umas com as outras e num certo dia, viram as costas, e continuam a fingir com outras e mais outras, numa infelicidade crescente de quem está sempre só e não aprende nada desta vida, mas acha-se dona da verdade e de todas as virtudes... Coitadas! Fingem e acham que é assim que deve ser. Cada um é livre de fazer desta vida o que quer, mas passem bem ao largo que aqui já não há vagas disponíveis!
Ergue-se uma vaga gigante que transporta uma barca. E da barca espreitam umas barbas brancas enormes e um sorriso macio e sedoso. O que diz é o silêncio, aquele que venho escutando há tantos anos, e que fez mais sentido do que todas as palavras que ouvi até hoje. Vou embarcar e aproveitar a viagem.
Profundamente Eu!

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