21/02/2010

Ámen

hoje, vou enterrar-te
como se enterram os mortos,
deixar-te inacabado
em suspensão infinita
neste ar rarefeito
do tango que me escureceu,
vou lançar-te ao mar
e cobrir-me de luto,
esquecer-te nos foles
do velho acordeão,
matar-te, com estas mãos,
e chorar toda a mágoa.
hoje, vou virar a página,
beijar os teus lábios mortos,
tapar-me com o véu mais preto
e partir da mulher que já não sou
em busca da que quero ser...

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